A equipe de transição anunciada por Bolsonaro deixa claro o que está por vir. Trata-se da aceleração e do aprofundamento das medidas timidamente adotadas durante os governos do PT e aceleradas vertiginosamente durante o Governo Temer de desrregularização da economia, privatizações, ausência de investimentos públicos, precarização das condições de trabalho e de vida sobretudo para as classes subalternas.
A equipe anunciada é composta por favorecidos políticos, militares e neoliberais da economia do desastre e escola de Chicago. Conta também com homofóbicos, ruralistas e pastores.
O recado para os movimentos sociais é claro, só serão aceitas manifestações ordeiras, ou seja, aquelas que não questionem as classes dominantes estabelecidas, as privatizações e cortes na cultura, saúde e educação públicas, sendo os recursos destinados a partir de agora às grandes empresas privadas monopolistas. Isso significa que haverá menos dinheiro circulando na economia nacional e o aumento da violência e dos problemas sociais. Está mais claro do que nunca que o pacto democrático foi rompido. É tempo de se organizar desde baixo, visando o longo prazo, com muita sabedoria, cuidado, inteligência e resistência.
Os partidos mais presentes são os mais envolvidos em casos de corrupção nos últimos anos, o DEM e o PSL. Confiram breve análise e acrescentem informações nos comentários para aprofundarmos o estudo:
Casa civil: Onyx Lorenzoni (DEM)
Amigo pessoal de Bolsonaro. Veterinário. Beneficiário de caixa 2 da JBS – https://www.bbc.com/portuguese/brasil-46066936
Agricultura: Tereza Cristina (DEM)
Mulher forte da bancada ruralista, é deputada federal pelo DEM do Mato Grosso do Sul e começou seu primeiro mandato em 2015. Sua atuação foi fundamental para aprovação da lei 6299 que permite que o Brasil, um dos países do mundo que mais usa agrotóxicos, que agiliza a liberação e uso de venenos. Por isso ficou conhecida como a “musa do veneno”. Apenas das coisas declaradas publicamente, recebeu doações de 12 empresários ligados ao agronegócio, que totalizaram, até 24 de setembro, 350 mil reais, segundo o Tribunal Superior Eleitoral. Entre os doadores está o empresário rural Ismael Perina Júnior, que doou 15 mil reais para a reeleição de Cristina. Ele é presidente do Sindicato Rural de Jaboticabal e membro do conselho consultivo da Coplana, que vende agrotóxicos para seus cooperados em sete cidades do interior de São Paulo.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/09/26/politica/1537970891_279915.html
Saúde: Luiz Henrique Mandetta (DEM)
Do Mato Grosso do Sul, homem que chegou a política pelos braços do pai, sabidamente financiado pelos planos de saúde. Responde inquérito que investiga suposta fraude em licitação, tráfico de influência e caixa dois – a investigação gira em torno da implementação de um sistema de prontuário eletrônico.
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-46282841
Economia: Paulo Guedes
Homem contratado como assessor do ditador chileno Pinochet, defensor ferrenho do liberalismo econômico e da economia da catástrofe, da doutrina do choque dos Chicago Boys. Acusado de gestão fraudulenta ao administrar R$ 1 bilhão captado em 2009 junto a fundos de pensão estatais e investido em dois fundos da gestora BR Educacional. Se aproximou de Bolsonaro em 2017 quando começou a publicar frequentes artigos em que fazia propaganda de Bolsonaro.
Segurança Institucional: General Augusto Heleno
Comandante no Haiti que foi afastado de cargo na Amazônia por se colocar contra a presença dos indígenas na região.
Ciência e Tecnologia: Marcos Pontes
Amigo pessoal de Bolsonaro. Em 2006, a missão espacial da qual Marcos Pontes participou, ligada à Estação Espacial Internacional, custou ao Brasil US$ 10 milhões, gerando questionamentos de parte dos pesquisadores sobre o valor científico para o país. A saída de Pontes à reserva militar, meses depois, para se dedicar a dar consultorias e palestras e se envolver na política, também despertou críticas. Em 2014, ele foi candidato a deputado federal de São Paulo pelo PSB, mas não foi eleito. Em 2018, era candidato ao cargo de 2º Suplente de São Paulo pelo PSL na coligação São Paulo acima de tudo, Deus acima de todos.
Justiça: Sérgio Moro
Vinculado às famílias tradicionais históricas das classes dominantes paranaenses, parente de Beto Richa. Em sua atuação inspirou-se na operação italiana conhecida como Mani Pulite, vazava informações sobre as investigações para a imprensa com finalidades políticas. Responsável direto pela prisão política de Lula. Se eximiu da responsabilidade de julgar o primo Beto Richa dizendo que tinha muito trabalho enquanto perseguia politicamente Lula. Diz que sua função agora é usar forças tarefas para combater o crime organizado, ou seja, qualquer organização ou movimento social e político julgada como suspeita pelos militares.
Polícia Federal: Maurício Valeixo
Passou dois anos como adido policial na embaixada brasileira em Washington, nos Estados Unidos. De volta ao Brasil foi responsável pelas operações de prisão de Lula e delação premiada de Antônio Palocci, também foi subordinado de Mouro na operação lava jato.
Agricultura: Tereza Cristina
Defesa: General Fernando Azevedo e Silva
Começou a ocupar cargos políticos no governo Color, seguiu presente nos governos Lula e Dilma. É amigo pessoal do vice presidente Mourão a quem disse ter sido diretamente responsável pela indicação.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/11/13/politica/1542144255_651641.html
Relações Exteriores: Ernesto Araújo
Transparência e CGU: Wagner Rosário
Militar de carreira formado em educação física, em Ciências Militares pela Academia das Agulhas Negras e mestre em Combate à Corrupção e Estado de Direito pela Universidade de Salamanca, na Espanha. Também já atuou como Oficial do Exército. Assumiu o cargo no governo Temer e agora segue em Bolsonaro.
BNDS: Joaquim Levy – Ministro da fazenda durante o governo Dilma que conseguiu piorar a situação do país em sua gestão elevando a inflação de 6 para 10%, o pior resultado nos últimos 25 anos. É defensor do liberalismo na economia e da ausência de investimentos estatais.
Tesouro:
Responsável pela pasta no governo Temer. Fez campanha para Aécio Neves e é defensor da reforma da previdência, ou seja, de cortar direitos à aposentadoria dos trabalhadores e trabalhadoras.
Educação: Ricardo Vélez Rodríguez
Diz ter sido indicado por Olavo de Carvalho. É defensor do projeto reacionário que pretende criminalizar o raciocínio crítico denominado pela direita de Escola Sem Partido. Já se posicionou dizendo que a ditadura no Brasil não existiu e que um suposto marxismo cultural, verdadeiro mal que assola a nação, precisa ser erradicado do país.
Ipea – Carlos von Doellinger
Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional – Érika Marena
Comandou a operação esdrúxula de exposição pública e midiática que resultou no suicídio do posteriormente inocentado reitor da UFSC.
Caixa Econômica Federal: Pedro Guimarães – Banqueiro especializado em privatizações com passagem por instituições como os bancos Bozano, Simonsen; BTG Pacutal e Brasil Plural. Guimarães é sócio do banco de investimento Brasil Plural e atua no mercado financeiro com gestão de ativos e reestruturação de empresas.
Banco Do Brasil: Rubens Novaes – estudou economia em Chicago, liberal filiado ao Instituto Liberal-RJ. Essa dupla antecipa a possibilidade de venda de ações públicas para acionistas internacionais e especuladores. Vale lembrar que de janeiro a setembro, o lucro líquido somado de Banco do Brasil, Caixa e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) cresceu 55 por cento em relação ao mesmo período de 2017, para 26,9 bilhões de reais. O resultado, obtido em um ano eleitoral, foi obtido com uma combinação de redução de custos administrativos, aumento das receitas com tarifas e encolhimento do crédito. Com as nomeações tais valores devem rapidamente voar para fora do país.
Banco Central: Roberto Campos Neto
Ministro durante a ditadura militar, banqueiro, ajudou a aprofundar enormemente a dívida pública brasileira durante o período. Defensor do liberalismo econômico, das privatizações e da subserviência brasileira aos interesses do capital estrangeiro.
Petrobrás: Roberto Castello Branco
Defensor do liberalismo econômico, também estudou em Chicago. Atuou na diretoria de instituições financeiras, bancos e da Vale, empresa que cometeu o crime ambiental ainda impune de Mariana.
Secretaria Geral da Presidência da República: Gustavo Bebianno (PSL) – Ex praticante de jiu-jitso, homofóbico de carterinha já tendo feito diversas declarações polêmicas, é homem de confiança de Bolsonaro desde ter trabalhado como assessor em suas eleições como presidente do PSL.
Advocacia Geral da União: André Luiz de Almeida Mendonça
Pastor de Igreja presbiteriana foi procurador em Londrina, no Paraná.
Exército: general Edson Leal Pujol;
General da divisão que atuou no Haiti em missão que sofreu diversas denúncias de violações de direitos humanos. Colega de Bolsonaro e secretário nos governos Dilma em 2014 2015. Diz que só aceitará protestos feitos “ordeiramente”.
Marinha: almirante de esquadra, Ilkes Barbosa Junior;
Aeronáutica: tenente brigadeiro do ar Antonio Carlos Moreti Bermudez
Assistência social: Desmantelada – Michelle Bolsonaro – A esposa do presidenciável justifica sua presença citando exemplos em que supostamente promoveu assistencialismo.
Secretaria de desestatização: Salim Mattar
Dono de locadora de automóveis, foi o quarto maior doador de recursos na campanha eleitoral de 2018. Ao todo, ele doou R$ 2,92 milhões, divididos entre 28 candidatos, entre os partidos mais favorecidos estão também os mais envolvidos em corrupção: DEM, PSDB, PSL, PHS, PSC.
– Contribuições externas –
Contribuição do El País: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-46229653
Contribuição da Época: https://epocanegocios.globo.com/Brasil/noticia/2018/11/governo-bolsonaro-quem-sao-os-11-nomes-de-ministros-e-altos-funcionarios-ja-anunciados-para-futura-equipe.html
Contribuição do G1: https://g1.globo.com/politica/noticia/2018/11/23/indicado-para-comandar-privatizacoes-salim-mattar-foi-o-quarto-maior-doador-nas-eleicoes.ghtml
Contribuição da Carta Capital: https://www.cartacapital.com.br/politica/o-ministerio-de-bolsonaro-e-um-show-de-horrores-1